Gods Of Metal: Contem sobre a história de surgimento da Fates Prophecy. E qual foi o motivo que levaram a escolher Fates Prophecy para a banda?
Paulo: Eu e o André Boragina formamos a banda em 1992, mas ficamos por muito tempo apenas como um hobby sem levar muito sério, com trocas constantes de integrantes, então em 1996 resolvemos gravar nosso primeiro álbum com a formação da época, acredito que em 1998 com o lançamento de “Into The Mind” é que realmente começa a história. O nome foi uma escolha minha, para falar a verdade a idéia era ser Fates Warning, até então naquele momento não conhecia a banda americana, quando fui pesquisar o nome vi que já existia e passei a conhecer a banda, então o nome Prophecy apareceu e achei que além de soar bem o significado era bastante interessante...
GOM: Qual a temática abortada nas músicas?
Paulo: Não existe um tema específico, cada álbum tem sua historia e não nos prendemos a um tema apenas, não gostamos de fazer nenhum tipo de apologia, nossas musicas não tem nenhum fundo político ou religioso, isso não quer dizer que eventualmente o tema não possa ser abordado, mas não levantamos nenhum tipo de bandeira deste tipo, mas ao mesmo tempo nossas musicas são sérias, sejam contando uma história ou ficção.
GOM: Poderiam citar algumas influências para o som da Fates Prophecy?
Paulo: Basicamente nossa musica é baseada na NWOBHM, Iron Maiden, Judas Priest, Saxon, porém existem muitas outras influências que não são tão perceptíveis como Marillion, Journey, The Mission, Cult, ou seja, tudo que gostamos e ouvimos indiretamente influenciam a banda.
GOM: Uma das coisas mais complicadas em uma banda é conseguir manter a formação em harmonia, seja por conflitos internos ou não. A banda Fates Prophecy passou por essa dificuldade também? Qual é a formação atual?
Paulo: Sim, passamos e tenho certeza que ainda passaremos muitas vezes. É normal que hajam atritos, poucas pessoas conseguem manter um relacionamento com namorada ou esposa, então imagina manter um relacionamento com mais 3 ou 4 caras! Além de que existe o fator dedicação e comprometimento com a banda, todos precisam estar em sintonia como uma máquina, se uma engrenagem não funciona compromete o funcionamento de tudo. Atualmente mantemos o esqueleto desde o início da banda: eu, Paulo Almeida (guitarra), Alexandre Ferreira (baixo), Sandro Muniz (bateria) e os novos membros Fernando Poles (guitarra) e Ricardo Peres (vocal).
GOM: Qual a maior dificuldade em manter uma banda ativa por muitos anos no nosso cenário?
Paulo: São muitas dificuldades, o cenário em si já diz tudo, não existem muitos bons produtores, boas casas de shows, o fator econômico, são muitos fatores contra, então o que faz uma banda se manter é a persistência. Durante todos estes anos já vi muitas “promessas do metal nacional”, sempre que aparece uma banda nova a mídia acaba transformando na salvação do metal nacional e passa algum tempo esta banda não sobrevive e aparecem outras na mesma situação, ou seja, a persistência e consistência da banda faz com que ela sobreviva a estas modas e dure mais tempo, se manter os pés no chão de acordo com a realidade do momento.
GOM: No Brasil temos várias bandas boas, mas muitas dessas bandas nacionais estão perdendo espaço para as internacionais, vocês concordam com essa situação? Como pode ser mudada essa situação?
Paulo: Não vejo desta maneira, existem bandas internacionais em um número bem maior e com mais qualidade que muitas nacionais, portanto é mais que justo que elas tenham uma exposição maior. Não acho que deva ser assim, porém o fator econômico e principalmente pelo Heavy Metal não ser uma música popular em nosso país faz com que as bandas nacionais não consigam manter uma qualidade similar às internacionais, afinal a maioria delas é uma empresa com muitos funcionários, elas possuem uma equipe enorme além dos músicos, aqui as bandas não tem estas condições, não possuem um equipamento próprio como mesas de som e um bom técnico de som e luz para que todo show mantenha um padrão independente do lugar. Não concordo com esta rivalidade que existe hoje em dia, música boa sempre será música boa independente de nacionalidade, o que precisa para ajudar neste processo é que as pessoas consumam de verdade a música, hoje em dia as bandas não possuem fãs que vão aos shows e sim seguidores em redes sociais, a música virou virtual em todos os sentidos, o dia que as pessoas começarem a sair um pouco mais de casa para curtir musica ao vivo acredito que melhorará consideravelmente o cenário.
GOM: Comentem um pouco sobre a discografia da banda? O que os fãs tanto os mais antigos e mais novos podem esperar para o próximo álbum da banda?
Paulo: Bem, desde o começo o que sempre buscamos foi evolução e aperfeiçoamento, e em minha opinião acredito que conseguimos isto até agora, cada álbum foi um degrau que subimos, isso é algo que me deixa contente porque a cada álbum que lançamos sempre acho que é o melhor de todos, obviamente que toda banda sempre acha isso do seu novo trabalho, mas não podemos nos contentar em lançar um álbum novo que seja inferior aos anteriores, isso se torna um desafio de uma vez que sempre estamos buscando o melhor. O novo álbum “The Cradle Of Life” é sem dúvida o mais diferente de nossa carreira até agora, não sei explicar em detalhes exatamente as diferenças, mas tenho certeza que ao ouvir as pessoas perceberão isso. Nele a banda soa mais pesada em alguns momentos, mas ao mesmo tempo usando texturas e climas que nunca usamos e não deixando de ser a Fates Prophecy, por isso acredito que nossos fãs não se decepcionarão.
GOM: A banda teve um período que paralisou as atividades estou certo? Contem mais um pouco sobre esse período.
Paulo: Na verdade não foi algo programado, simplesmente aconteceu por necessidade pessoal de cada um, durante este período houveram casamentos, nascimentos de filhos, separações... rsrsrsrs. A banda não chegou a parar, apenas estávamos compondo separadamente, não foi ago do tipo: vamos parar e voltar daqui 2 anos, foi apenas um tempo que precisávamos para voltar com força e principalmente conseguir compor um álbum consistente, com a qualidade que sempre tivemos.
GOM: Alguns organizadores de show/eventos contratam certas bandas para tocarem no evento, mas muitas vezes algumas bandas precisam pagar para tocar em tal evento, o que pensam dessa atitude?
Paulo: Bem, na verdade não posso dizer o que penso sobre isso!!! Mas como disse anteriormente é esta a diferença entre bandas internacionais e as nacionais, como uma banda pode dar algo de qualidade aos seus fãs nestas condições? Posso lhe dizer que a Fates Prophecy recebeu muitos convites deste tipo, é comum organizadores não pagarem cachê e não bastando não querem pagar nem o transporte e alimentação da banda e equipe, mas infelizmente existem bandas que aceitam esta situação, o que faz que o golpe funcione e os organizadores se acostumem com esta moleza.
GOM: Quais são os planos futuros para a Fates Prophecy?
Paulo: Nossos planos são primeiramente lançar “The Cradle Of Life”, passar pelo período de divulgação e cair na estrada tocando o máximo que pudermos, e depois disso começar a trabalhar em um novo álbum, não queremos demorar tanto para lançar o próximo.
GOM: Obrigado pelo tempo cedido para a entrevista, o som está muito bom com o passar dos anos aumenta a qualidade da banda em todos os sentidos. Queria que deixassem uma mensagem para os leitores.
Paulo: Obrigado pelos elogios, realmente é o que buscamos, aumentar a qualidade é uma satisfação pessoal que é coroada com a aprovação dos nossos fãs. Somos fãs de heavy metal em primeiro lugar então somos bem críticos neste sentido, se estamos contentes com nossa música há grande chance de agradarmos os fãs, graças a eles estamos aqui e pretendemos manter esta relação por muitos anos.
Agradeço o espaço concedido pela Gods Of Metal, é sempre muito bom falar de algo que gostamos para leitores de bom gosto como são as pessoas que ouvem heavy metal, abração a todos e nos vemos na estrada!
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